top of page

Quando o frete vira fardo: quem carrega o peso emocional da logística?

  • Mobs2
  • 1 de dez.
  • 3 min de leitura

A pergunta parece simples, mas abre uma porta para uma realidade que, apesar de silenciosa, vem se tornando cada vez mais evidente: a logística moderna está operando à base de uma pressão humana que poucas empresas conseguem enxergar — e muito menos medir.


Caminhões

O setor de transporte de cargas vive um paradoxo curioso. Por um lado, é uma engrenagem essencial da economia; por outro, tornou-se um ambiente onde metas agressivas, janelas de entrega cada vez menores e monitoramento constante criam um clima permanente de tensão. A promessa de eficiência extrema, que deveria elevar a produtividade, acaba frequentemente convertendo-se em fonte de estresse, fadiga e desgaste emocional.


Estudos internacionais ajudam a dimensionar o problema. Uma pesquisa realizada pela American Transportation Research Institute (ATRI) mostrou que 75% dos motoristas de caminhão relatam níveis significativos de estresse físico e emocional. Na Europa, um estudo conduzido pela European Agency for Safety and Health at Work revelou que motoristas de logística estão entre os profissionais com maior exposição a riscos psicossociais, especialmente quando submetidos a jornadas irregulares, pressão por tempo e isolamento prolongado. No Brasil, levantamentos da CNT indicam que grande parte dos caminhoneiros enfrenta exaustão, longas horas dirigindo, sono insuficiente e ambientes hostis nas estradas.


Quando observamos esses dados com atenção, percebemos que não se trata apenas de desconforto emocional, mas de uma cadeia de causa e efeito que afeta toda a operação. Pressão por cumprir horários rígidos gera estresse; o estresse prolongado reduz a capacidade de atenção; a queda na atenção aumenta a probabilidade de erro; e o erro, na logística, tem nome, prazo, valor e, muitas vezes, consequências graves. A sobrecarga emocional interfere diretamente no desempenho, na segurança e na qualidade da entrega.


O psicólogo Herbert Freudenberger, pioneiro no estudo do burnout, alertava que o esgotamento não nasce apenas do trabalho duro, mas da “sensação de que nunca se faz o suficiente”. Em muitos centros logísticos, essa sensação é quase uma regra tácita: desvio de rota significa bronca; atraso significa perda de bônus; parada não programada significa justificativa; e cada notificação enviada ao motorista durante o turno reforça a ideia de que ele deve estar cem por cento disponível, cem por cento do tempo. É uma equação emocional insustentável, mas tratada como normal durante anos.


Entretanto, normalizar esse estado permanente de tensão cobra um preço. A combinação de longas jornadas, pressão contínua e pouca autonomia gera um tipo de desgaste emocional que pode se manifestar no volante de forma perigosa: irritabilidade, impulsividade, perda de empatia e, em muitos casos, comportamentos de risco. Não é coincidência que, segundo o NIOSH, motoristas fatigados apresentam três vezes mais chance de se envolver em acidentes graves. E isso não se resolve apenas com tecnologia de rastreamento ou metas mais rígidas; resolve-se com cuidado, educação emocional e gestão humanizada.


É nesse ponto que entra uma discussão que o setor de logística ainda engatinha para compreender: o comportamento humano é a variável que mais impacta a segurança e o desempenho de uma frota. A pressão transforma o frete em fardo, e o fardo — quando ignorado — se transforma em risco operacional. É preciso reconhecer a dimensão emocional de quem opera no campo, sob o calor, o trânsito, o medo do roubo, a solidão das estradas e a cobrança permanente por produtividade.


Diante desse cenário, fica claro que a eficiência logística não depende apenas de processos, rotas ou sensores — depende de pessoas emocionalmente estáveis e conscientes do próprio estado. E essa consciência não nasce espontaneamente; ela precisa ser cultivada. Empresas que compreenderam isso já estão colhendo resultados melhores em segurança, produtividade e fidelização de motoristas.


Na MOBS2, acreditamos que cuidar do comportamento é cuidar da operação. Por isso, desenvolvemos ferramentas que ajudam o motorista a reconhecer e registrar como está se sentindo antes, durante e depois da jornada. O Emocionômetro, disponível no aplicativo MYMOBS, oferece ao condutor um espaço seguro para expressar seu estado emocional e receber vídeos de apoio socioemocional, construídos para ajudá-lo a regular estresse, ansiedade e fadiga. É um passo simples, mas poderoso, para transformar a cultura do “entrega a qualquer custo” em uma cultura que valoriza pessoas tanto quanto resultados.


Se a sua empresa está pronta para repensar o impacto humano por trás do desempenho da frota, vale a pena dar o próximo passo. A logística é movida por caminhões, mas depende profundamente de pessoas. E quando a emoção é bem gerida, o frete deixa de ser fardo e volta a ser fluxo.


MOBS2 — Inteligência que move.


Cuidar das emoções é cuidar do caminho, dos resultados e de quem faz tudo chegar onde precisa chegar. Fale conosco e se surpreenda com a evolução da sua frota.

 
 
 

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
bottom of page