"A nova revolução nos transportes não será tecnológica. Será comportamental."
- Mobs2
- 14 de ago.
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Atualizado: 18 de set.
Hoje, na newsletter da MOBS2, compartilhamos o discurso da CO-CEO da MOBS2, Rebeca Leite, proferido no Seminário Nacional da Associação Nacional de Empresas de Transporte Urbano, que ocorreu em Brasília, nos dias 12 e 13 de agosto deste ano. O texto é impactante e futurista. Recomendamos demais a leitura.

Discurso de Rebeca Leite em Brasília – 12 de agosto de 2025
"Não, não foi por acaso que eu subi aqui usando esses óculos da Ray-Ban”.
Durante muito tempo, esse nome foi sinônimo de “bom gosto” e de proteção dos olhos dos raios solares. Hoje, eles continuam fazendo isso… mas vão muito além. O que eu estou usando agora é um Ray-Ban com inteligência artificial, desenvolvido em parceria com a Meta. Ele está filmando, analisando meu entorno e, principalmente, aprendendo sobre o meu comportamento em tempo real.
Por que começo com isso? Porque esse objeto simples, que antes servia apenas para proteger a visão, agora é capaz de registrar padrões, entender reações e oferecer respostas inteligentes. Ele é um símbolo do momento que vivemos: a tecnologia deixou de olhar apenas para o mundo ao nosso redor… e passou a olhar para nós. E essa mudança está em todo lugar: na saúde, no varejo, nas indústrias… e, claro, no transporte.
Mas existe uma transformação ainda mais profunda acontecendo — e que quase ninguém vê. Uma revolução silenciosa. Invisível. É a revolução do comportamento. Porque, por trás de qualquer máquina, aplicativo ou sistema sofisticado… ainda existe um ser humano tomando decisões. E é sobre isso que vamos falar hoje: como entender, medir e transformar o comportamento é o que, de fato, muda os resultados — especialmente no transporte de passageiros e cargas.
Quando se fala em inovação no transporte, a imagem que vem à mente de muita gente é sempre parecida: veículos modernos, sistemas embarcados de última geração, aplicativos com interfaces bonitas e repletos de funções.
Mas a verdade é que nada disso, por si só, garante um resultado melhor. Afinal, um ônibus novo, um caminhão tecnológico ou uma moto equipada com sensores não mudam por conta própria a forma como são conduzidos. Inovação de verdade começa com uma pergunta simples — e ao mesmo tempo desafiadora: Como as pessoas estão se comportando ao dirigir?
Nos últimos anos, o transporte abraçou a era dos dados. Hoje, temos GPS, sensores de rotação, câmeras, telemetria embarcada em quase todo tipo de frota. O problema é que existe uma diferença enorme entre coletar dados… e transformar dados em inteligência. E é aqui que muitos sistemas param no meio do caminho. Eles capturam as informações, exibem em gráficos, guardam em relatórios — mas não fazem nada para mudar a realidade que esses dados revelam. Porque dado, sozinho, não educa. Não inspira. Não corrige. O verdadeiro desafio é transformar números e alertas em atitude, em aprendizado, em mudança de rota — no sentido literal e no sentido comportamental.
Para entender o tamanho desse desafio, basta olhar para um exemplo simples. Imagine uma frota que coleta, todos os dias, milhares de registros de telemetria: excesso de velocidade, frenagens bruscas, motor ligado em marcha lenta, aceleração exagerada. Esses dados mostram com clareza onde está o problema — mas sozinhos não resolvem nada. Se não houver uma ação imediata, o motorista continuará cometendo os mesmos erros, e a empresa continuará acumulando custos e riscos.
É aqui que entra um ponto essencial: o tempo entre a ocorrência do problema e a intervenção corretiva. Em muitos modelos de gestão, a correção só acontece semanas depois, numa reunião ou num treinamento genérico. Nesse intervalo, o motorista já repetiu o erro dezenas, talvez centenas de vezes.
Agora, imagine o cenário inverso: cada vez que um erro acontece, o motorista recebe um feedback direcionado, adaptado ao seu comportamento, e orientações específicas de como corrigir. Isso não é apenas tecnologia. É tecnologia com propósito. É criar um ciclo contínuo de observação, correção e melhoria. E quando essa resposta é rápida, personalizada e recorrente, os números começam a mudar. Menos incidentes. Menos desperdício. Mais segurança. Mais eficiência. Tudo porque alguém decidiu que o dado não serve só para registrar o que aconteceu, mas para mudar o que vai acontecer daqui para frente.
Quando a tecnologia é usada para gerar ação — e a ação é desenhada para mudar comportamento — os resultados aparecem. Em operações que adotaram esse modelo de intervenção rápida e personalizada, vimos reduções consistentes de até 75% nos acidentes graves em rotas de alto risco. Também observamos uma queda superior a 60% nos eventos por quilômetro rodado, o que significa menos desgaste mecânico e mais previsibilidade na manutenção. E o impacto não é apenas na segurança: há casos com economia de até 25% no consumo de combustível, fruto de uma condução mais consciente.
Além disso, há efeitos intangíveis que viram ganhos concretos:
1. Mais pontualidade nas entregas ou nos horários de transporte;
2. Redução de afastamentos por estresse ou fadiga;
3. Aumento do engajamento e do senso de responsabilidade entre motoristas;
4. Maior satisfação do cliente ou passageiro, porque a experiência é diretamente impactada pela forma como o condutor atua.
Esses resultados não acontecem por acaso. Eles são consequência de um método: observar, interpretar, intervir e medir novamente. É um ciclo contínuo de melhoria que transforma a operação de dentro para fora.
A próxima revolução no transporte não será apenas tecnológica. Será comportamental. Podemos investir em veículos mais modernos, sistemas mais sofisticados e aplicativos cada vez mais completos — mas nada disso alcança todo o seu potencial se não houver mudança na forma como as pessoas que conduzem esses veículos pensam e agem. Porque, no centro do transporte, não estão as máquinas. Estão as pessoas. E é a decisão humana que, no fim do dia, define se um trajeto é seguro, se o combustível é desperdiçado, se o prazo é cumprido, se o cliente ou passageiro chega satisfeito.
Quando o motorista entende o impacto real de cada escolha — de cada curva, cada aceleração, cada segundo em marcha lenta — ele passa a agir com mais consciência. Quando ele percebe que é visto, reconhecido e apoiado, ele se engaja e melhora. E quando há um sistema que transforma erros em oportunidades de aprendizado, a evolução deixa de ser uma meta distante e passa a ser uma rotina diária. Essa é a verdadeira força de qualquer inovação no transporte: o poder de mudar mentalidades e hábitos, para que a tecnologia possa entregar tudo o que promete.
Se existe algo que a experiência no setor de transporte nos ensina, é que dados sozinhos não mudam nada. Eles mostram o problema, mas não o resolvem. O que transforma o cenário é a forma como agimos sobre eles — e, principalmente, como preparamos as pessoas que estão no centro de tudo. E é aqui que entra a mensagem mais importante que quero deixar hoje: A verdadeira transformação começa por onde ninguém vê. Começa no invisível. Começa no comportamento. A tecnologia é o que nos permite enxergar com clareza. Mas é a educação que nos dá a capacidade de agir com inteligência.
Quando unimos as duas coisas, conseguimos reduzir custos, aumentar a eficiência, melhorar a experiência do passageiro e, acima de tudo, preservar vidas. É com essa visão que a MOBS2 atua. Nós não somos apenas uma fornecedora de telemetria. Somos uma parceira estratégica que ajuda empresas e gestores a transformarem dados em ação, ação em aprendizado e aprendizado em resultados reais.
Se a sua organização quer dar o próximo passo — e transformar não apenas a frota, mas também as pessoas que a movem —, então o nosso convite é simples: Vamos fazer essa revolução invisível acontecer e torná-la visível nos seus resultados. Eu sou Rebeca Leite, Co-CEO da MOBS2, uma empresa que tem revolucionado a gestão de frotas. Muito obrigada.
Brasília, 12 de agosto de 2025



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